Nos mares do fim do Mundo, com Bernardo Santareno e uma memória em fundo

Andaria eu no segundo ano da Escola Industrial e Comercial de Santarém quando o meu pai me falou do que sabia sobre os homens que iam para a Terra Nova, em navios, todos os anos, para a pesca do bacalhau. Falou-me do que isso seria, dos perigos que corriam, dos barquitos, chamados dóris, em que tinham de andar, na faina, longe do navio, para lançarem ao mar as linhas carregadas de anzóis com isco, e, longas horas depois, voltarem ao navio, carregados, se possível, de bacalhaus; que assim passariam seis meses, até voltarem a Portugal, às suas famílias, às suas terras, porém alguns lá encontrariam a morte, com doenças ou naufrágios; que alguns meses depois voltariam a partir para nova faina e que, nesse ir e vir, passariam anos, se a sorte os poupasse.
E falou-me também o meu pai do escritor Bernardo Santareno, que tinha estado em algumas dessas campanhas, como médico que era, para socorro aos pescadores, e que teria escrito livros que disso falavam, livros que estavam proibidos, pois neles haver “coisas” que alguns do poder não queriam que fossem faladas…
Mais tarde, quando pude, acompanhei algo da produção literária de Santareno, inclusive assisti à estreia da peça “Português, Escritor, 45 anos de idade”, no Teatro Maria Matos, em 1974, logo após o 25 de Abril, finalmente éramos livres. Depois, foi então a descoberta, que continua, sempre que a ele volto.
Hoje fui surpreendido por um vídeo que desconhecia e que aqui partilho. Carlos Oliveira é responsável por isso, e ainda bem. Agradeço, Carlos. É exactamente sobre a faina da pesca do bacalhau, nos longínquos e perigosos mares gelados do Norte, no ano de 1967. Um video sobre esses heróis portugueses, que partiam para uma vida de grande dureza, sujeitos aos tortuosos caprichos da sorte.
Como gostaria o meu pai de ver este vídeo, que vivamente recomendo…
Manuel João Sá

O Vídeo do Convívio de 2019 dos Antigos Alunos da Escola Aristides Graça, do Vale de Santarém

Já aqui publicámos sobre este muito bem-sucedido convívio anual, realizado em 28 Set. 2019, que teve a expressiva presença de 180 participantes.

Com as fotos que encontrámos no facebook, a que juntámos as que foram feitas pelo fotógrafo Francisco Marques, pudemos fazer um pequeno vídeo, para “saborear” e para ficar para a história das realizações dos antigos alunos da nossa antiga Escola.

Destaque também para a inclusão, neste vídeo, de uma gravação da Vitorina Rosa Gaspar, que, num convívio posterior, da Fábrica AVILIMA, que se realizou em Vila Chã de Ourique, em 27 Outubro, foi convidada a cantar o Hino da Escola Aristides Graça, e saiu-se muito bem desse pedido que as trabalhadoras da histórica Fábrica lhe fizeram, para que o cantasse. No próximo convívio, muito certamente, já o iremos cantar em coro, com a ajuda Vitorina. Oxalá!

Tudo isso pode ser visto clicando em

 

As minhas saudações,

Manuel João Sá.